Avatar do usuário logado
OLÁ,
Continua após publicidade

Peça “Caralâmpias” abre diálogo sobre arte e loucura

Encontro no Hospital Psiquiátrico do Engenho de Dentro entre Dona Ivone Lara, Maura Lopes Cançado e Nise da Silveira é ponto de partida

Por Laís Franklin
Atualizado em 21 nov 2023, 15h59 - Publicado em 17 nov 2023, 12h07
 (Mariana Kaufman com arte de Priscila Lopes/divulgação)
Continua após publicidade

Este é o último fim de semana para conferir “Caralâmpias”, peça teatral que ocupa o Sesc Copacabana com uma discussão importante sobre arte, loucura e o lugar da mulher na sociedade contemporânea. O encontro no Hospital Psiquiátrico do Engenho de Dentro entre Dona Ivone Lara, Maura Lopes Cançado e Nise da Silveira é ponto de partida do espetáculo. “Muita gente conhece Dona Ivone Lara por seu pioneirismo como a maior compositora desse país, como a primeira mulher a compor um samba enredo, num lugar que só homens ocupavam, mas pouca gente sabe do trabalho que ela desenvolveu como enfermeira e assistente social: foram 37 anos dedicados aos cuidados com pessoas com distúrbios mentais” explica a atriz Aline Borges, que fez terapia pela primeira vez na vida depois dos estudos para o espetáculo.

Ela atua no palco junto com Alice Morena e Lisa Eiras que, juntas, dão voz a essas três figuras emblemáticas que romperam barreiras e paradigmas apresentando narrativas femininas plurais. “O aumento nas taxas de suicídio no país tem ligação direta com a depressão, com transtornos mentais. Temos uma sociedade extremamente adoecida, pedindo socorro. E o trabalho da terapia ocupacional que a Dra Nise desenvolveu, juntamente com a musicoterapia, a partir de Dona Ivone Lara, dentro do hospital psiquiátrico do Engenho de Dentro, além de humanizar esses pacientes, mostra o importante papel que a arte tem no processo de transformação e cura. Não precisamos dar conta de tudo sozinhas, é legítimo pedir ajuda, existem inúmeros profissionais especializados, debruçados no estudo da mente humana, capazes de nos apoiar na caminhada, muitas vezes dura, da vida”, completa Aline. 

Com direção musical de Claudia Elizeu, todo o ambiente musical e melódico da peça surge a partir das composições de Dona Ivone Lara. “Na pesquisa para a peça conhecemos a história dos tratamentos dados aos pacientes, passando pelo uso da lobotomia, do eletrochoque sem critério, do abandono de pessoas com distúrbios mentais aprisionando-as em hospitais psiquiátricos precarizados até a luta de Nise da Silveira em tornar estes tratamentos um serviço de desenvolvimento de cada cliente (ela não os chamava de doentes)”, completa Lisa Eiras à Bravo!. Não perca! 

||| Caralâmpias | Sala Multiuso do Sesc Copacabana – Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana, Rio de Janeiro – RJ | Até 19/11, de sexta à domingo, às 19h | Ingressos: R$ 7,50 (associado do Sesc), R$ 15 (meia-entrada), R$ 30 (inteira)

Publicidade