CINEMA E TV
As primeiras vezes que Esmir Filho viu Ney Matogrosso cantando, ainda na infância, foi tomado por um turbilhão de sensações. Um certo assombro, uma estranheza por entrar em contato com um universo desconhecido — e, acima de tudo, uma identificação imediata que se revelaria como um verdadeiro fascínio.
Anos mais tarde, Esmir receberia um presente — e também uma missão desafiadora: adaptar a trajetória do artista para o cinema. Assim nasceu Homem com H, filme dirigido por Esmir, com estreia marcada para 1º de maio, e Jesuíta Barbosa no papel principal.
De fato, Ney sempre causou esse tipo de impacto nas multidões, geração após geração. Até hoje, jovens seguem atraídos por seu magnetismo, como se todas as suas transgressões, sua sensualidade e, claro, seu talento como intérprete fossem algo inédito — mesmo tendo influenciado profundamente tantos artistas ao longo das décadas.
“Para mim, foi um presente porque, embora nunca tivesse imaginado isso, se eu fosse fazer a biografia de um artista da música, seria do Ney Matogrosso”, comenta o diretor.
O receio diante da tarefa foi menor porque o universo do cantor já dialogava com temas que Esmir explorava em seu cinema. “Tem a ver com a pulsão dos corpos, com o desejo, com a repressão dos sentimentos, com as relações afetivas, com outras formas de afeto, com a relação entre pai e filho, mãe e filho. São todos temas que costumo abordar. Então, quando recebi esse presente, pensei: ‘Gente, eu poderia ter pensado nisso’.
Antes do anúncio oficial do projeto, Esmir contou a Ney que seria o responsável por dirigir sua cinebiografia. A resposta do artista foi simples, mas soou como uma bênção: “Que bom. Fico feliz que seja você.”