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Documentário sobre Eunice Paiva ganha versão restaurada

"Eunice, Clarice, Thereza" (1979) reúne depoimentos de três mulheres que perderam seus maridos durante o governo do presidente Médici

Por Redação Bravo!
Atualizado em 12 mar 2025, 18h00 - Publicado em 12 mar 2025, 17h58
Eunice-Rubens-Paiva
Eunice e Rubens Paiva. Foto: Divulgação (Divulgação/divulgação)
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Entre os méritos do filme Ainda Estou Aqui não está apenas o Oscar de Melhor Filme Internacional, mas também sua capacidade de recuperar histórias de personalidades essenciais na luta pelos direitos humanos no Brasil, como Eunice Paiva. Advogada e ativista, Eunice se tornou uma voz importante na luta por justiça e pela memória de seu marido, Rubens Paiva, deputado federal cassado e morto em 1971 após ser preso e torturado pelo regime militar brasileiro.

Durante anos, ela buscou respostas sobre o paradeiro de Rubens, enfrentando a censura, o silenciamento e a dor da perda enquanto se dedicava a denunciar os crimes cometidos pela ditadura.

Além de Ainda Estou Aqui, a trajetória de Eunice Paiva também foi retratada no curta documental Eunice, Clarice, Thereza (1979), dirigido por Joatan Vilela Berbel. O filme reúne depoimentos de Eunice Paiva, Clarice Herzog e Thereza Fiel, três mulheres que perderam seus maridos durante o governo do presidente Médici, nos anos 1970.

Clarice Herzog é a viúva de Vladimir Herzog, jornalista e diretor de jornalismo da TV Cultura que foi preso, torturado e assassinado em 1975 pelo regime militar. Sua morte foi apresentada como suicídio pelas autoridades, mas Clarice Herzog lutou incansavelmente para revelar a verdade e buscar justiça, tornando-se uma figura central na denúncia das violações dos direitos humanos no período.

Thereza Fiel é a viúva de Luiz Eduardo Merlino, jornalista e militante político morto sob tortura em 1971, durante sua prisão no DOI-CODI de São Paulo. Sua busca por justiça e memória também se tornou símbolo da resistência contra a repressão.

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O curta, preservado pelo Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, passou recentemente por um processo de restauração e foi digitalizado em 2K — um formato digital de alta qualidade que permite uma visualização mais detalhada das imagens. O trabalho incluiu correção de cor e remoção de sujeiras da imagem, sob a supervisão do próprio diretor.

A obra, agora restaurada, é um importante registro histórico que preserva a memória dessas mulheres e sua resistência em meio à brutalidade da ditadura. Após a restauração, o documentário deve estrear nos cinemas pela primeira vez. 

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