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Conheça os finalistas do Prêmio Bravo! 2016 de Melhor Livro

Por Bravo
Atualizado em 22 set 2022, 12h42 - Publicado em 6 mar 2017, 09h46
Do alto, em sentido horário: Evandro Affonso Ferreira, Daniel Galera e Carlito Azevedo

Um time de jurados especializados — jornalistas, artistas, produtores, acadêmicos — debateu, argumentou e ponderou junto à equipe da Bravo! até chegarmos a três nomes de cada uma das 12 categorias do prêmio. Um último troféu, de Artista do Ano, será escolhido pelo voto do público.

Na categoria Melhor Livro, os indicados são O Livro das Postagens, de Carlito Azevedo, Não Tive Nenhum Prazer em Conhecê-los, de Evandro Affonso Ferreira e Meia-noite e Vinte, de Daniel Galera. O júri que os selecionou é formado pelo escritor André Santanna, pelo crítico e professor de literatura brasileira Luís Fischer e pelo jornalista, editor e ex-curador da Flip Paulo Werneck. Veja o que a banca diz sobre os escolhidos:

O Livro das Postagens, de Carlito Azevedo

“Depois de sete anos sem publicar, o carioca Carlito Azevedo fez mais do que reunir em livro seus poemas recentes: articulou-os com uma nova frente poética que se abriu em sua obra, as postagens que ele compartilha com amigos no Facebook. O livro das postagens mostra como em meio às torrentes de clichês das redes sociais é possível produzir uma literatura pulsante, original e profundamente afetiva.”

Não Tive Nenhum Prazer em Conhecê-los — Evandro Affonso Ferreira

“É o tipo de livro que pode ser chamado de obra-prima. Ressentimento e melancolia de verdade, destilados com um ritmo exato, na música exata das palavras. Linguagem certeira, poesia, filosófica poesia e ainda sobra espaço para a grande cultura, que surge sempre com naturalidade. Todo rancor e amargura do personagem acaba se transformando em uma literatura ágil e fragmentária. E baixo-astral vira curtição.”

Meia-noite e Vinte, de Daniel Galera

“Novela muito bem realizada, com uma trama nítida e personagens sólidos, envolvendo além de tudo algumas dimensões fortes da vida contemporânea — de violência urbana banalizada a uso de aplicativos, passando por aspectos muito vivos do feminismo — , e ainda com um desfecho muito bacana.”

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Prêmios Bravo! de Melhor Livro

Conheça os vencedores das outras edições do Prêmio Bravo!, entre 2005 e 2012.

2005 — O Fotógrafo, de Cristóvão Tezza

Em O Fotógrafo, Cristóvão Tezza cria uma trama baseada num repórter fotográfico. Todo o livro se passa em um dia, em Curitiba, sob a ótica de cinco pessoas diferentes. O livro parte de um fotógrafo quarentão que recebe a proposta de retratar secretamente uma mulher mais nova. Para cada filme revelado, recebe a alta quantia de 200 dólares. As histórias — da mulher fotografada, do fotógrafo, da mulher do fotógrafo, Lídia, do professor dela, Duarte, e sua esposa, Mara, se conectam de forma inesperada. Lugares clássicos da capital paranaense como o Café do Teatro, a Praça do Expedicionário, o Cine Luz e a Universidade Federal do Paraná viram cenários da trama. Além do Prêmio Bravo! ficou em 3º lugar no Prêmio Jabuti.

2006 — Cinzas do Norte, de Milton Hatoum

O livro remonta o período da ditadura militar, da criação da zona franca de Manaus e do bairro da Cidade Nova — entre os anos 1950 e 1960 — período de retomada do crescimento da região após muitos anos de marasmo, depois do ciclo da borracha. O romance é tido como uma tentativa de criar uma “história moral” da geração do amazonense Milton Hatoum. Trata de uma longa amizade entre Raimundo (Mundo) e Olavo (Lavo) — o primeiro, com ambições artísticas e família rica; o segundo, órfão criado pelos tios e de personalidade sedutora e perspicaz. O livro foi publicado pela Companhia das Letras em 2005 e rendeu ao autor, além do Prêmio Bravo!, o seu terceiro Prêmio Jabuti (os primeiros foram Relatos De Um Certo Oriente e Dois Irmãos).

2007 — A Máquina de Ser, de João Gilberto Noll

O livro é uma coletânea de 24 contos do escritor porto-alegrense João Gilberto Noll. O fio que reúne os textos é o da observação da solidão. Em No Dorso das Horas, o narrador é transformado em imagem e acaba se deparando, através de uma câmera, com o corpo da filha. O conto que dá nome ao livro, A Máquina de Ser, tem um narrador andarilho numa cidade estrangeira que se matamorfoseia num Messias — passa a buscar trabalho e, consequentemente, a ter razões para continuar. O conto faz uma crítica ao modo de vida na sociedade capitalista. No segundo conto, Em Nome do Filho, o ponto de partida é o que o pai ouve do médico: “o seu filho entrou em óbito”. A partir daí, um casal é obrigado a reconstruir sua vida.

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2008 — O Filho Eterno, de Cristóvão Tezza

No livro mais famoso do escritor catarinense Cristóvão Tezza, O Filho Eterno, o autor expõe as dores e delícias de criar um filho com Síndrome de Down. O fato, autobiográfico, o leva a narrar com extrema sinceridade e emoção os preconceitos e angústias de chegar a desejar o filho morto após descobrir a trissomia. Aos poucos, entende que quem precisa ser reavaliado é ele, e não o menino. A obra foi adaptada para o cinema pelo diretor paulista Paulo Machline e estreiou em dezembro de 2016. No elenco, Marcos Veras interpreta o pai, Roberto, e Débora Falabella a mãe, Cláudia. O autor disse à Bravo! que escolheu não participar da escrita do roteiro. Leia no nosso Medium uma entrevista de setembro com Tezza.

2009 — Leite Derramado, de Chico Buarque

O livro Leite Derramado — obra recentemente adaptada para o teatro por Roberto Alvim — retrata uma derrocada de certa elite brasileira encarnada na figura de Eulálio. Ele está doente, num hospital, e narra 200 anos da história do Brasil do ponto de vista oligárquico: seus descendentes são portugueses, se tornam um barão do Império e um senador da Primeira República. Ele mesmo era também um corrupto, foi conivente com a ditadura e vivia de relações de compadrio. O livro é o quarto romance de Chico Buarque (antes vieram: Estorvo, Benjamin e Budapeste) e tem a estrutura de uma narração quase ininterrupta, rápida e envolvente.

2010 — Esquimó, de Fabrício Corsaletti

O livro Esquimó reúne poemas escritos por Fabrício Corsaletti entre 2006 e 2009. Segundo o também poeta e crítico Paulo Henriques Britto, neste quinto livro de poesia, “Fabricio Corsaletti permanece fiel a uma dicção que equilibra com eficiência nostalgia e ironia lembranças da infância interiorana e referências literárias e cinematográficas, paixão vivida e distanciamento crítico. A comparação entre os poemas de Esquimó e os mais antigos aponta para uma concentração crescente, uma utilização cada mais intensa de alguns recursos. Um deles é a repetição de um mesmo verso com alterações mínimas, porém cruciais”.

2011 — Diário da Queda, de Michel Laub

Durante a comemoração de um bar-mitvzvah (aos 13 anos), ao jogarem o aniversariante, João, para cima, os amigos o deixam cair. Este acontecimento marca Diário da Queda, livro de Michel Laub. O livro fala da relação entre judeus e não-judeus e da identificação do narrrador com o bullying sofrido por João. Ele também vira alvo das ofensas numa escola de não-judeus para a qual os dois vão após o incidente. O avô do narrador é um sobrevivente do holocausto que se recusa a tratar do tema e seu pai vive à sua sombra — herança que se põe sobre ele em contradição: há uma hesitação entre reverenciar esse passado ou revisitar criticamente e se libertar dessas origens.

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2012 — Formas do Nada, de Paulo Henriques Britto

Temperada com um humor irônico e desesperançado, a poesia do carioca Paulo Henriques Britto é caprichada no uso da rima e da métrica, mas também é contemporânea no uso da metalinguagem, nas traduções de si mesmo para o inglês, na fluência, no diálogo com os modernistas. O próprio nome, Formas do Nada, já aponta para o tema essencial do livro: absurdo, falta de sentido, vazio. Em poética prática, escreve: “A realidade é um calhamaço insuportável?/ Tragam-me então resumos./ A vida que se leva é um filme inassistível? / Vejamos só os anúncios. // São os limites do corpo intrusões malignas / de um demiurgo escroto? / O corpo não é preciso, e o espírito é impreciso: / eu não é um nem outro. // Anda inconveniente a tal da poesia, /a significar? / Nada como um bom significante vazio / para abolir o azar.

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