Duas galerias cariocas desembarcam em São Paulo
Nonada e Danielian abrem novas unidades visando aproximação com mercado internacional
Com dois espaços no Rio de Janeiro e um em Salvador, a Nonada (neologismo criado pelo Guimarães Rosa no livro Grande Sertão Veredas) aterrissa em São Paulo no dia 6 de abril para integrar o circuito artístico da maior capital da América Latina. “Gostamos de trabalhar com a ideia de que é possível não só produzir cultura como consumir cultura fora do eixo dos metros quadrados mais caros do país. todo mundo ganha com isso, no final: o circuito de arte, os artistas, os moradores das áreas e os apreciadores de arte”, defende Carol Carreteiro, nova sócia da galeria carioca.
O objetivo da expansão é estabelecer uma plataforma expandida de articulação global dos artistas representados pela instituição. “Ano passado, durante a Bienal de São Paulo, ficou muito clara a relevância da cidade no cenário internacional das artes: a quantidade de curadores do mundo todo e conselheiros de museus que estiveram por aqui foi sem precedentes”, avalia.
Para a galerista, se conectar com uma obra de arte é uma “travessia catártica”. Foi pensando nisso que a Nonada decidiu inaugurar sua nova unidade com uma individual de Matheus Rocha Pitta e texto crítico assinado por Renato Menezes. Na mostra cola como leite, que inaugura no dia 6 segue em cartaz até junho, todas as obras possuem uma intervenção de respingos brancos com sentido duplo: fazem referência tanto ao leite e quanto ao adesivo usado por ativistas climáticos para colar suas mãos ao cimento. Destaque para “Os Trabalhadores do Derramamento”, que retrata o protesto de um agricultor perante as explorações econômicas do mercado agrícola.
Nascido em Tiradentes, o artista trabalha com fotografia, escultura, vídeo e instalações para dissecar e perturbar os sistemas contemporâneos de troca. “Matheus é um grande amigo meu e sempre quisemos trabalhar juntos desde que nos conhecemos em Berlim, há 3 anos. Quando me uni à Nonada, foi natural procurá-lo para produzirmos algo juntos. É uma sensação indescritível planejar e maquinar por anos à fio algo que existe na sua cabeça de duas pessoas e ver isso se tornar real”, conta, animada.
Outra novidade carioca que atravessou a ponte aérea Rio-São Paulo é a Danielian, fundada pelos irmãos Luiz e Ludwig Danielian, há 18 anos. A galeria atua no mercado secundário e possui um vasto acervo de arte brasileira – desde o período acadêmico até o contemporâneo.
Uma das grandes responsáveis por reposicionar no mercado artistas como Glauco Rodrigues e Manuel Messias dos Santos, agora a Danielian Galeria se debruça no trabalho do pintor Paulo Pedro Leal (1894-1968) para sua mostra de abertura. “A exposição apresenta um impressionante conjunto de obras desse artista extraordinário, que São Paulo deve e precisa conhecer”, adianta o galerista. Intitulada Elegia dos Detalhes, a exposição gratuita apresentará trabalhos inéditos ao público geral a partir desta quarta (2). Com curadoria assinada por Lília Schwarcz, a mostra segue em cartaz até 3 de maio.
Assim como a Nonada, a inclusão do CEP paulista visa uma aproximação com o mercado internacional. “A Daniellen se afirmou no Rio como um espaço eclético de difusão e comercialização de obras de arte com obras mostras de caráter histórico e ações voltadas para a contemporaneidade. A vinda para São Paulo concretiza nosso propósito em ampliar as possibilidades de internacionalização da arte brasileira”, finaliza Luiz.
Abertura – 06/04 das 11h às 17h.
Visitação até 08/06/2024
Praça da Bandeira, 61, Centro Histórico – SP
Rua Estados Unidos, 2114 – Jardim Paulista, São Paulo
Horário: terça a sexta das 11h às 19h, sábado das 11h às 17h
Abertura: 2 de abril das 18h às 22h
Visitação: 3 de abril a 11 de maio de 2024
Entrada gratuita