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A influência de ‘Laranja Mecânica’, de Stanley Kubrick, na cultura pop

Parábola sobre a violência como diversão também ironiza formas institucionais de impor controle aos indivíduos

Por Redação Bravo!
8 jul 2024, 10h00
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Cena do filme "Laranja Mecânica" (Reprodução/divulgação)

Além da genialidade de suas visões, Stanley Kubrick era um diretor de gêneros. Em cada um de seus filmes, explorou um diferente, dentro dos formatos codificados do cinema. Ficção científica (2001, de 1968), terror (O Iluminado, de 1980), guerra (Glória Feita de Sangue, de 1957, e Nascido para Matar, de 1987), filme de época (Barry Lyndon, de 1975), épico (Spartacus, de 1960), sátira política (Dr. Fantástico, de 1965), comédia de costumes (Lolita, de 1962), noir (O Grande Golpe, de 1956), drama familiar (De Olhos Bem Fechados, de 1999).

Laranja Mecânica, seu filme mais cultuado (sobretudo pelas novas gerações), chama a atenção por não se encaixar exatamente em um único gênero narrativo. Tem muito de ficção científica, já que se passa em futuro não tão distante. É também comédia de costumes por trabalhar com aspectos cotidianos de uma nova sociedade.

Além disso, traz elementos de humor ácido e de ordem política. Laranja Mecânica é original desde seu universo, em que os personagens possuem uma linguagem cheia de termos próprios. Alex De Large (Malcolm McDowell) lidera um grupo de jovens libertinos, os “droogs”, adeptos da ultraviolência. Saem pelas ruas espancando mendigos, estuprando mulheres (ao som de Singin’ In The Rain) e provocando todo tipo de arruaça.

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Mas Alex acaba preso e é obrigado a participar de um programa de reabilitação do governo que prevê um tratamento cruel para evitar que os bandidos voltem a praticar atos violentos. Só que, ao deixar a prisão, o ex-niilista se vê inadequado à sociedade e ao meio em que vivia, incapaz de voltar a se relacionar.

O filme, que causou polêmica no lançamento, traz uma visão amarga sobre o sadismo não só físico, mas também moral, sobre o controle e a hipocrisia das autoridades e sobre a fragilidade das identidades individuais, tornadas reféns de padrões.

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Embora se passe no futuro, Laranja Mecânica poderia perfeitamente ter lugar na América moderna, das ruas violentas e desassossego urbano, a mesma de outras produções desta época, como Taxi Driver (1976). E o filme, baseado em romance homônimo de Anthony Burgess (e considerado por muitos melhor que o livro), antecipa em algumas décadas Clube da Luta (1999), de David Fincher, e Assassinos Por Natureza (1994), de Oliver Stone, entre outros. Sua influência, que se estende também à cultura pop, parece interminável.

*Esta resenha faz parte da coleção “100 filmes essenciais” e foi originalmente publicada pela Revista Bravo! em 2009

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Especial Bravo! 100 filmes essenciais (Bravo!/arquivo)
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